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Mostrando postagens de novembro, 2017

Sobre​ ​silhuetas​ ​e​ ​sombras​ ​projetadas, de Maria Paganelli

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O entardecer é sobre um amor específico, um romance específico, mais especificamente. Entardece e é mais difícil enxergar o que acontece na minha moradia. Vejo bem nitidamente as silhuetas que percorrem o céu mudando de cor. Desenham em cores fortes, delicadas e mutáveis. Já as sombras são puro breu e aumentam mais a cada instante. Ele está certo, é o horário em que menos dá pra se ver as coisas. Nada se vê, nada se entende. Nem por mim que construí tudo aquilo que pode ser silhueta e sombra, mas muito menos pelo curioso visitante com uma pequena vela que o guia. De dentro da casa eu era acostumada a enxergar sem luz a minha escuridão e, quando o encontrei na porta, aproveitava o que ele conseguia enxergar para ver com seus olhos a minha casa, ver como sou com outra percepção. No meio a isso acontece um apagão do que eu via lá dentro e não consigo mais entender de onde vem aquelas projeções esquisitas. Que sombras são aquelas sem formas específicas? Sou eu ou ele? Ou somos os dois que

Sempre aos domingos, por Bruna Viana

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Te amo sempre, aos domingos. Enquanto arrasto minha ressaca, de álcool ou de sono, para qualquer compromisso familiar em que eu deva sorrir. Te amo, no trajeto, enquanto empurro o pedal da bicicleta, cansada em parte pela minha falta de técnica e, em muito, pelas sobras emocionais de outros seis dias em que vivi. Te amo porque chove ou faz calor e sempre tenho de lidar com as consequências de me vestir de forma incompatível com clima –preciso, constantemente, de agasalho ou de filtro solar. Te amo porque almoço o que não queria, porque sinto sono durante a tarde e vontade imensa de uma rede qualquer que sustente minha alma desconfortável e, quem sabe assim, torne-me um pouco mais leve. Te amo porque o dia entardece desse jeito implacável e me obriga ao porvir de outra semana. te amo porque não sei mais o que esperar de outra semana. Te amo enquanto procrastino a bagunça do armário e descumpro a velha promessa da faxina aos domingos. Te amo porque despejo em ligações para novos ou velh